Ter uma perna mais comprida que a outra pode sim causar dores pelo corpo, especialmente nas costas, joelho e pé, mas não é somente pelo fato de você ter uma perna mais comprida que você terá dores. Aliás, saiba que cerca de 90% da população tem uma perna mais comprida que a outra. Você terá a possibilidade de realizar um simples teste, para experimentar como é ter uma perna mais comprida.
Suas dores no corpo, sejam nas costas, nos joelhos, ou pés podem ter origem numa diferença de comprimento entre seus membros inferiores. Eu disse podem, pois na verdade diversos fatores estão envolvidos com o surgimento de dores, e a diferença de membros é um deles. Não podemos falar que uma pessoa, somente pelo fato de ter uma diferença de tamanho das pernas, vá ter dores.
Porém, o fato de haver uma diferença pode sim contribuir para o surgimento de dores. Abaixo vamos ver qual o significado clínico (ou seja, quais as conseqüências) de se ter uma perna mais comprida que a outra.
1- Significado clínico da diferença de comprimento
Diferença maior que 20mm Nesses casos provavelmente é necessária correção. 20mm pode ser considerado o limite que o corpo consegue se adaptar de forma que a pessoa não desenvolva dores e outros sintomas.
Diferença entre as pernas de 20mm ou menos: Acredita-se que, quando a diferença de tamanho entre um dos membros inferiores é menor que 20mm, o corpo da pessoa consegue gerar adaptações que permitem que uma pessoa que não realiza atividade repetitiva ou duradoura, de vida diária ou esportiva, possa prosseguir sem dores.
Porém, em pessoas ativas, que exerçam atividades repetitivas, como caminhar, correr, ficar muito tempo de pé, ou outras atividades esportivas, deve haver uma avaliação específica em cada indivíduo para saber se será necessário algum tipo de correção.
Diferença de 5mm ou menos Quando a diferença é de 5mm ou menos, não há necessidade de correção ou preocupação, independentemente da atividade que a pessoa realiza.
2- Como saber se tenho uma perna mais comprida que a outra? Como é feito o exame?
. a maneira que vai lhe dar mais exatidão é fazendo um raio-x para medir o tamanho dos ossos da coxa e perna. Converse com seu médico a respeito, ele lhe dirá se existe necessidade de fazer esse exame ou não. . numa clínica ou consultório, um dos meios de se mensurar o tamanho é utilizando uma fita métrica, medindo-se a distância entre um ponto da bacia e outro da perna (* esse método estará descrito ao fim do artigo). Porém, esse exame além de ser menos exato que o raio-x, vai conseguir dizer se você tem ou não uma perna maior que a outra quando a diferença for de 10mm ou mais.
Considerando que em pessoas que não realizam atividades prolongadas ou repetitivas, como mencionamos anteriomente, dificilmente diferenças de 0 a 20mm trazem sintomas, talvez a melhor estratégia seja realizar o exame com a fita métrica na clínica e, caso uma diferença seja encontrada, depois realizar o exame de raio-x para ver com mais exatidão (fisioterapeutas, educadores físicos e outros profissionais da área podem contribuir com a saúde de seus pacientes e clientes ao realizar esse exame e descobrir assimetrias no comprimento das pernas, podendo então lhes encaminhar para uma verificação mais exata). Caso o teste com a fita não identifique a diferença é improvável que seja necessário realizar o raio-x, exceto no caso de atletas e pessoas que realizam atividades específicas. Porém, como mencionamos, cada caso é um caso e as necessidades devem ser adequadas a cada pessoa individualmente.
Importante, para saber qual região é mais comprida, se é o osso da coxa (o fêmur, e a região acima do joelho), ou da perna (tíbia, e toda região abaixo do joelho), você deve ter o paciente deitado de barriga para cima, com os joelhos dobrados e juntos, assim como os pés, que devem estar apoiados no solo. Se o joelho da perna comprida estiver para frente nessa visão lateral, o fêmur é o osso mais longo. Se o joelho estiver mais alto, a tíbia é o osso mais longo. (Note, antes deste parágrafo, para fins explicativos, eu não diferencei perna de coxa, com perna significando toda a extremidade interior do indivíduo, ou seja, coxa, perna, pés – neste parágrafo foi necessário realizar a diferenciação).
3- Má postura pode dar a impressão de que um membro inferior é maior que o outro
Se você tiver um desalinhamento postural significativo você poderá ter a sensação ou a impressão de ter uma perna mais comprida que a outra. Se você se olhar no espelho, poderá até observar que uma bacia pode estar mais alta que a outra, e assim achar que realmente tem uma perna mais comprida. Porém, essa alteração postural pode ter uma outra causa, e a aparente diferença de comprimento de membros inferiores talvez seja apenas isso, aparente.
Essa alteração postural pode ser causada pelo aumento da tensão muscular de alguns músculos das costas e dos quadris que puxariam um dos lados da bacia para cima. Isso daria a impressão de que o membro inferior desse lado estaria maior que o do outro lado, mesmo que não estivesse.
4- Se eu tiver uma perna mais comprida que a outra, como é feita a correção? O que devo fazer para evitar as dores?
Bom, conforme falamos, o tipo de correção a ser proposta vai depender de qual a diferença de tamanho entre as pernas e das atividades que você realiza. Visando compensar a alteração anatômica costuma-se recomendar o uso de palmilhas, cuja espessura irá compensar a diferença entre as pernas, de forma que a bacia fique mais nivelada. Para prevenir as dores, manter o bom condicionamento de toda a musculatura, pernas, coxas, costas, abdomem, e sua elasticidade é fundamental. Se duas pessoas tiverem diferenças de perna iguais, realizassem as mesmas atividades, a possibilidade da pessoa bem condicionada viesse a sentir dor seria bem menor.
5- Como deve ser ter uma perna mais comprida que a outra?
Veja abaixo um pequeno teste. Serve para poder “vivenciar” o que é ter uma perna maior que a outra.
Teste para ver como é ter uma perna maior que a outra:
. ponha um chinelo ou outro calçado em apenas um dos pés (a espessura dele será, basicamente a diferença de comprimento de pernas que você passará a ter - estamos considerando que você não tenha qualquer diferença). Fique em pé, de frente para um espelho, com os pés paralelos, e perceba o efeito que usar só um calçado tem na posição de sua bacia, de sua coluna, de seu pé, de seus ombros e de sua cabeça. O lado com o calçado vai ficar mais “levantado”, ou seja, nesse lado sua bacia vai ficar inclinada, sua coluna lombar vai formar uma curva, o joelho vai estar mais alto, assim como o ombro, e o tronco e até sua cabeça podem estar inclinados pro outro lado. Se você permanecer nessa posição por alguns minutos, algumas dessas alterações talvez diminuam, pois seu corpo começa a se adaptar a elas. Talvez seu tronco fique mais reto, ou seja, deixe de estar inclinado, a cabeça também ficar alinhada, possivelmente o seu pé (da perna mais longa) vai “cair para dentro”, realizando o movimento de pronação, dentre outras.
6- Curiosidades:
. você sabia que, geralmente, pesquisas indicam que a perna direita é mais curta com maior freqüência que a esquerda? . você sabia que, embora a perna direita seja mais curta com maior freqüência, a diferença de tamanho entre as pernas é similar quando tanto a direita como a esquerda é a mais curta? . você sabia que cerca de 90% da população tem algum grau de diferença de comprimento entre as pernas?
(*) Avaliação usando a fita métrica: essa avaliação é feita medindo a distância (com uma fita métrica) entre um ponto anatômico na bacia – a espinha ilíaca ântero superior – até um ponto anatômico da perna – o maléolo medial, com o paciente estando deitado de barriga para cima. Recomenda-se fazer a média de duas medidas, ou seja, a pessoa deita, você faz a medida, pede pra ela levantar e caminhar ou fazer outras atividades breves por cerca de 1 minuto, e então ela deita novamente e você realiza outra medida. Faz a média das duas medidas encontradas em cada perna e verifica a diferença das médias entre uma perna e outra. Esse método não é tão exato, e considera-se que ele seja capaz de identificar quando uma perna é no mínimo 10mm maior (ou menor) que a outra. Ou seja, se você tem de 1 até 10mm de diferença, é improvável que essa forma de se fazer a medida vá identificar que existe diferença de tamanho. A partir de 10mm esse método deve encontrar que uma perna é maior que a outra. Mas lembre-se, não é uma medida exata como o raio-x. Uma outra fraqueza dessa forma de avaliação, pelo fato de avaliar a distância da bacia até a perna, é que ela não considera que a origem da diferença de comprimento entre as pernas pode estar nos ossos do pé.
Referências Bibliográficas
KNUTSON GA - Anatomic and functional leg-length inequality: A review and recommendation for clinical decision-making. Part I, anatomic leg-length inequality: prevalence, magnitude, effects and clinical significance - Chiropractic and osteopathy - v.13, 2005.
KNUTSON GA - Anatomic and functional leg-length inequality: A review and recommendation for clinical decision-making. Part II, the functional, or uloaded, leg-lenght assymetry - Chiropractic and osteopathy - v.13, 2005.
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Comentários
Gostaria de saber, onde, aqui no Rio Grande do Sul, posso conseguir sapatos com compensação?
Prezada Sueli,
não tenho como te dar qualquer informação sem uma avaliação presencial, pra identificarmos o que, de fato, está promovendo sua dor.
Sinto não ser de maior ajuda.
Claudio Mesquita
Fisioterapeuta
Credito 3 - 45360-F
Prezada Éden,
não sei. Talvez o google possa lhe ajudar. veja se tem uma AACD em sua cidade (aqui em São Paulo a AACD faz palmilhas a custos muito aceitáveis).
Atenciosamente,
Claudio Mesquita
Fisioterapeuta
Crefito 3 - 45360-F
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