Fatores de Risco para Síndrome da Dor Patelofemoral

 

joelho, o "alvo" da Dor Patelofemoral

 

 

 

Afinal de contas, quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome da Dor Patelofemoral? O que torna alguém mais predisposto a desenvolver essa condição? Essa identificação é de extrema importância para sua prevenção e tratamento, pois indivíduos que, eventualmente, estejam sob maior risco podem tomar atitudes preventivas e, dessa forma, prosseguir com suas atividades, do dia-dia, de lazer, esportivas ou profissionais, sem interrupções e necessidade de tratamentos. Isso favorece tanto a produtividade individual, a qualidade de vida e menores gastos, seja para o indivíduo seja para a sociedade.

 

Para falarmos sobre quais os principais fatores de risco para o desenvolvimento da Dor Patelofemoral usaremos como base duas revisões da literatura científica recentes. Nessas revisões os autores analisam vários artigos relacionados ao tema, identificando aqueles que trazem dados realmente importantes e fidedignos. As conclusões e observações desses são então analisadas e apresentadas.

 

Para aqueles que não gostam de realizar leituras rápidas, direi de antemão: o mais importantefator de risco observado até o momento é a fraqueza muscular dos músculos extensores de joelho, cujo músculo principal é o quadríceps, o músculo da região anterior da coxa.

 

 

 

Quadríceps, o principal músculo extensor do joelho

 

 

 

Pronto, aqueles que desejam leituras mais simples e diretas podem retornar aos seus afazeres (não há nada de errado com isso), mas serão benvindos se quiserem continuar lendo. Aqueles que quiserem saber um pouco mais, continuem a leitura!

 

Tanto LANKHORST ET al (2012) como PAPPAS & WONG-TOM (2012) encontraram, como principal fator de risco uma menor força de extensão de joelho.

 

 

 

A revisão de LANKHORST ET al (2012), foi publicada numa das principais revistas na área de fisioterapia e ortopedia, o JOSPT (Journal of Orthopaedic Sports and Physical Therapy) e, após analisarem 167 artigos (a partir de uma pré-seleção de 3845 resumos), 7 artigos foram considerados com qualidade suficiente para terem suas conclusões analisadas. A segunda revisão é de PAPPAS & WONG-TOM (2012), publicada na revista Sports Health, na qual houve uma pré-seleção de 973 resumos, com seleção de 20 artigos para análise do texto completo, sendo selecionados como tendo qualidade para a análise somente 7 artigos (muitos dos quais os mesmos que os de LANKHORST ET al (2012)).

 

 

A identificação da menor força de extensão de joelho como fator de risco, por outro lado, foi baseada em em 2 artigos compartilhados por ambas as revisões (o de MILGROM ET al (1991) e o de BOLING et al (2009)) e outros 2 artigos(*1 e *2)   analisados somente por LANKHORST ET al (2012).

 

(*1) DUVIGNEAUD et al - Isokinetic assessment of patellofemoral pain syndrome: a prospective study in female recruits  - Isokinetics Exerc Sci – v16, 2008.

(*2) TIGGELEN et al - Analysis of isokinetic parameters in the development of anterior knee pain syn­drome: a prospective study in a military setting - Isokinetics Exerc Sci– 2004.

 

 

 

Foram estudados diversos possíveis fatores de risco nos artigos analisados (além da força muscular), dentre eles o nível de condicionamento físico, a medida do ângulo Q, idade, altura, peso, IMC (índice de massa corporal), teste de Queda do Navicular, força de reação do solo, biomecânica da caminhada, elasticidade muscular, gênero e outros.

 

Desses, ambas as revisões concordaram que aspectos como altura, peso, idade e o ângulo Q parecem, de fato, não ter relação com o desenvolvimento da Dor Patelofemoral

 

Alguns artigos não fizeram parte da análise em nenhuma das revisões mas que, em nossa modesta opinião, poderiam ter participado. STEFANYSHYN et al (2006) e NOEHREN ET al (2013) encontraram como fator de risco, respectivamente, um maior momento abdutor de joelho (veja a resenha deste artigo aqui) e um maior ângulo de adução do quadril na fase de apoio da corrida.

 

 

adução do quadril na fase de apoio

da corrida

 

 

 

FINNOFF ET al (2011) encontraram uma menor força de rotação lateral do quadril (especialmente em relação à rotação medial) como fator de risco, o que contrasta com um artigo usado nas revisões, o de BOLING et al (2009), para os quais uma maior força de rotação lateral era fator de risco. São duas informações divergentes, que tendem a se anular numa análise conjunta, mas cuja origem da diferença pode estar, como falamos anteriormente, no contexto (pesquisa com militares x pesquisa com corredores). FINNOFF ET al (2011) também encontraram, como fator de risco, uma maior força dos abdutores de quadril em relação aos adutores.

 

 

 

Conclusões

 

 

O fator principal é, de fato, a menor força muscular de extensores de joelho. Alterações de movimento, como a tendência a um joelho valgo (no movimento – de fato, é o momento abdutor que importa) e uma maior adução de quadril na fase de apoio da corrida também devem ser considerados.

 

Porém, ainda há muito a ser pesquisado e revelado. Um exemplo é em relação à força de rotadores laterais do quadril, sobre a qual foram encontrados resultados conflitantes. Indivíduos com Síndrome da Dor Patelofemoral parecem se beneficiar do fortalecimento desses músculos (veja em “Fisioterapia para Dor Patelofemoral – o que realmente funciona?”). Outro aspecto importante é se e quais fatores de risco são dependentes da atividade sendo realizada. Demandas diferentes, eventualmente, podem implicar em diferentes fatores de risco.

 

Por outro lado, idade, altura, peso ou a magnitude do ângulo Q não parecem realmente ser fatores de risco.

 

 

 

 

 

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