Fisioterapia para Epicondilite Lateral: o que realmente funciona?

 

 

 

principal ponto de dor na epicondilite lateral

 

 

 

O objetivo deste texto é de apresentar o que existe de mais concreto, na literatura científica, para o tratamento fisioterapêutico da Epicondilite Lateral (também descrita ou conhecida como Epicondilalgia Lateral ou Epicondilopatia Lateral, termos estes mais corretos pois, similarmente ao que ocorre com as Tendinopatias, a presença de processo inflamatório é incomum ). Analisaremos condutas como Fortalecimento muscular, Laser, Órteses de antebraço, Manipulações articulares, Mobilização com Movimento (MWM) e outras.

 

 

 

Laser

 

ROBERTS ET al (2013) obtiveram resultados significativos da aplicação de terapia à Laser em relação ao placebo. Eles utilizaram 16 indivíduos, divididos entre os grupos (tratamento e placebo) e fizeram as avaliações de acompanhamento ao fim do tratamento, aos 3, 6 e 12 meses após. Utilizaram um laser de dupla freqüência (980/810nm, taxa de 80:20, dose de 3000J, duração de 5 minutos). O grupo tratado obteve melhoras de dor e função aos a partir dos 3 meses, enquanto no grupo placebo só foi observada melhora na avaliação 12 meses após o tratamento.

 

OKEN ET al (2008) compararam o uso de Órtese de antebraço com terapia por Ultra-Som e com a Terapia a Laser, sendo todas as três condutas adicionadas de exercícios de fortalecimento e alongamento. Estudaram 58 pacientes, sendo 49 mulheres). O tratamento durou 2 semanas e, ao fim deste, avaliação indicou que todos os grupos tiveram resultados semelhantes. Enquanto o grupo da Órtese a utilizou durante o período do dia apenas, o Ultra-Som foi aplicado 5 dias por semana, na intensidade de 1,5W/cm2 por 5 minutos, e o Laser foi aplicado também 5 dias por semana com duração de 10 minutos por aplicação, sendo utilizado um aparelho de Hélio/Neônio (comprimento de onda de 632.8nm). Na avaliação feita 6 semanas após o início do tratamento foi observada uma maior utilidade do Laser em comparação aos dois outros grupos na melhora da força de preensão manual e, embora tivesse havido uma melhora da dor ao fim do tratamento em todos os grupos, foi observado um aumento da dor no grupo que havia usado a Órtese, enquanto a melhora foi significativa nos grupos US e Laser. Não foram observados efeitos adversos em nenhum dos tratamentos.

 

STERGIOULAS (2007) compararam dois grupos (50 pacientes ao todo) que realizaram exercícios supostamente pliométricos para o punho, sendo que apenas um deles recebeu tratamento de Laser (o outro recebeu apenas Laser Placebo), sendo que, justamente para esse grupo os resultados foram de uma significativa melhoria em dor e função (tanto ao fim do tratamento, como oito semanas após este). O exercício dito pliométrico consistia de uma contração excêntrica lenta, sem carga extra além do peso do corpo, numa posição inicial em que o antebraço estava apoiado, o punho pronado e em extensão e, numa contagem até 20, esse punho se fletia, retornando à posição inicial com ajuda da outra mão. A dor poderia ser leve e, na ausência desta, era adicionada carga através de pesos livres.

 

LAM & CHEING (2007) também compararam Laser (904nm, As-Ga), com um grupo placebo, obtendo melhores resultados para o grupo que recebeu Laser nos acompanhamentos feitos durante e após o fim do tratamento (curto prazo) para itens como dor e força de preensão manual. Foram estudados dois grupos (39 indivíduos ao todo), sendo que todos os indivíduos receberam orientações em relação a exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos do antebraço. O tratamento durou 3 semanas, sendo o Laser (ou o placebo) aplicado 3 vezes por semana.

 

BASFORD ET al(2000), por outro lado, em seu ensaio clínico randomizado, não encontraram efetividade da aplicação de Laser (1.06µm, ND:YAG) no tratamento da Epicondilopatia Lateral em relação a uma aplicação placebo. Foram estudados dois grupos (cujos indivíduos receberam orientação em relação à aplicação de gelo, alongamento dos músculos extensores de punho e massagem de fricção), sendo os acompanhamentos feitos durante o período do tratamento (que durou 4 semanas) e 28 e 35 dias após o fim do tratamento.

 

Embora tenham sido feitos apenas estudos de baixo impacto, existe uma tendência aparente em se obter benefícios com a aplicação do Laser em indivíduos com Epicondilite Lateral. Quais os parâmetros mais adequados ainda é algo a ser respondido.

 

 

 

Órteses

 

JAFARIAN et al (2009) analisou o benefício de duas órteses de cotovelo e uma de punho para melhoria da força de preensão manual sem dor em pacientes com Epicondilite Lateral, comparando os resultados com placebo. Foram avaliados 52 indivíduos e todos experimentaram cada uma das condições. Observaram uma melhora da força de preensão sem dor com o uso das órteses de cotovelo (sem diferença entre os dois tipos usados) em relação ao placebo ou à órtese de punho (sem diferenças significativas entre as duas condições).

 

NG & CHAN (2004) compararam, em indivíduos (cerca de 90% eram mulheres) com Epicondilite Lateral, o uso de órtese de cotovelo em 4 condições: sem órtese, órtese com pouca tensão, tensão intermediária ou tensão alta. Não observaram alterações da força de extensão de punho com o uso da órtese, mas maior limiar de dor no alongamento dos extensores de punho (com a órtese em tensão alta) e alterações da propriocepção.

 

OKEN ET al (2008) obtiveram benefícios semelhantes, ao fim de um tratamento que durou 2 semanas, entre o uso da Órtese em relação tanto à aplicação de Laser como de Ultra-Som. Numa reavaliação após 6 semanas do início do tratamento, porém, os pacientes que utilizaram a Órtese foram os únicos que tiveram um aumento da dor e voltaram a ter uma diminuição de sua força de preensão manual, chegando a níveis levemente inferiores aos de antes do início do estudo. Todos os grupos realizaram exercícios de fortalecimento e alongamento paralelamente ao tratamento.

 

STRUIJS et al (2004) realizaram um ensaio clínico randomizado, buscando comparar o uso de uma Órtese de punho com um Tratamento Fisioterapêutico (exercícios diversos de fortalecimento de punho e alguns alongamentos). Participaram, ao todo, 180 indivíduos. Compararam 3 grupos, um que só utilizou a Órtese, outro que recebeu apenas Tratamento Fisioterapêutico, e outro que combinou as duas condutas. O tratamento durou 6 semanas e o acompanhamento foi feito ao seu fim, 26 e 52 semanas após o início do tratamento. No primeiro acompanhamento, observou-se que a Órtese foi melhor que a Fisioterapia (mas não que o Tratamento Combinado) para realização de AVDs, mas em termos de satisfação com o tratamento o Tratamento Fisioterapêutico e o Combinado foram superiores. Não houve diferenças significativas entre os 3 grupos nos acompanhamentos posteriores ao realizado no final do tratamento. STRUIJS et al (2006) mostraram que o Tratamento Fisioterapêutico, dentre essas condutas, é o que tem maior custo-benefício, isso levando em conta tanto à procura por outros profissionais de saúde quanto ao custo devido à incapacitação (ex: deixar de trabalhar devido a dor).

 

As Órteses podem ter efeito no alívio da dor enquanto são usadas, mas não parecem interferir a médio ou longo prazo no tratamento.

 

 

 

Manipulação Articular

 

STRUIJS et al (2003) compararam a dois tipos de tratamento num estudo randomizado: uma manipulação articular do punho com um tratamento combinado de ultra-som, massagem de fricção, alongamento e fortalecimento (o mesmo protocolo de SMIDT et al (2002) que não foi especificado totalmente em nenhum dos artigos). Participaram do estudo, ao todo, 31 pacientes, que foram tratados e acompanhados ao longo de um períodos de 6 semanas. Os resultados indicaram uma melhora da dor maior e maior satisfação com o tratamento no grupo que realizou a manipulação.

 

VERHAAR ET al (1996) também estudaram os procedimentos de Cyriax (massagem de fricção transversa e manipulação de Mill), comparando os com aplicação de corticoesteróides. Estudaram, ao todo, 106 indivíduos com Epicondilite Lateral. O período de tratamento foi de 4 semanas. Os resultados indicaram uma melhora superior nos indivíduos tratados com corticoesteróides, com melhora significativas da força de preensão, maior número de pacientes sem dor e satisfação na reavaliação realizada 6 semanas após o início do tratamento. VISWAS et al (2012) compararam a manipulação de Mill adicionada de massagem de fricção transversa com um programa de exercícios, obtendo melhores resultados com os exercícios na reavaliação 4 semanas após o início do tratamento.

 

ROMPE ET al (2001) não observaram benefício em se adicionar uma manipulação cervical em pacientes com Epicondilite Lateral sendo tratados com Ondas de Choque Extracorpóreas.

 

CLELAND ET al (2004) fizeram uma análise retrospectiva de pacientes, observando que aqueles tratados com técnicas de mobilização cervical adicionalmente a um tratamento direcionado ao cotovelo se recuperaram em menos sessões de tratamento do que aqueles que realizaram apenas tratamento direcionado ao cotovelo. Os tipos de tratamento eram variados, e incluíam desde exercícios de fortalecimento ou alongamento, mobilização articular e outras.

 

FERNANDEZ-CARNERO ET al (2011)) estudaram 18 pacientes com Epicondilite Lateral. Estes foram divididos em dois grupos, um que recebeu manipulação cervical e o outro que recebeu manipulação torácica. Foi observado maior aumento do limiar de dor à pressão no grupo que recebeu manipulação cervical. FERNANDEZ-CARNERO ET al (2008) já havia observado efeitos similares em relação à manipulação cervical.

 

 

Ainda existem poucas evidências de que as manipulações ou mobilizações articulares cervicais tenham potencial para reduzir a dor em pacientes com Epicondilite Lateral. Em relação à manipulação de Mill houve resultados conflitantes em artigos de baixo impacto, com acompanhamento somente a curto prazo, de forma que nada de concreto existe para recomedá-la.

 

 

 

Mobilização com Movimento (MWMs)

 

Estudos com formato pré/pós-teste

 

VICENZINO et al (1996) realizou MWMs na coluna cervical de 15 pacientes com Epicondilite Lateral, obtendo bons resultados em relação à dor, dor à compressão e preensão manual sem dor a curto prazo, em relação a placebo e a controle (não realização de intervenção). Todos os pacientes passaram pelas 3 condições, sendo os resultados verificados durante e imediatamente após a aplicação de cada uma. O MWM aplicado foi um deslizamento de C5 sobre C6 com posicionamento do membro superior acometido variável, de acordo com examinação feita através de testes de tensão neural.

 

VICENZINO ET al (2001) realizaram uma MWM de cotovelo (mobilização no sentido lateral do antebraço, logo acima da linha articular), obtendo bons resultados em relação, especialmente, à preensão manual sem dor na comparação com uma aplicação placebo e um controle. Similarmente ao estudo de VICENZINO et al (1996), todos os pacientes (nessa pesquisa eram 24) experimentaram todas as 3 condições, sendo os resultados comparados antes da conduta, durante e logo após. ABBOT ET al (2001) realizaram outra pesquisa, também utilizando o mesmo MWM de cotovelo num formato pré-teste/pós-teste semelhante,  obtendo melhoras na preensão manual sem dor e na máxima força de preensão manual imediatamente após a aplicação. PAUNGMALI et al (2003) estudaram 24 pacientes com Epicondilite, no formato pré/pós-teste descrito, observando que a força de preensão sem dor e o limiar de dor à compressão aumentou tanto durante quanto após a intervenção somente no grupo que realizou o tratamento com MWMs.

 

VICENZINO ET al (2009) desenvolveram, de forma preliminar, uma Regra de Predição Clínica para identificar indivíduos que, após 3 semanas de tratamento, teriam bons resultados com o uso da combinação de MWMs com exercícios. A combinação de idade menor que 49 anos, preensão manual sem dor maior que 112N do lado afetado e menor que 336N do lado não afetado levaria uma predição de 100% de que haveria melhora, mesmo se comparado a um grupo que não realizou intervenção.

 

Nos estudos de formato pré/pós-teste apresentados não houve acompanhamento a médio ou longo prazo, de forma que não se pode dizer até que ponto os resultados podem ser mantidos com a conduta (MWM de cervical ou cotovelo) utilizada. Porém, o efeito a curto prazo ficou bastante evidenciado, de forma que a aplicação do MWM pode ser recomendada nesse contexto.

 

 

MWM de cotovelo - deslizamento lateral

 

 

 

Outros estudos com MWMs

 

BISSET et al (2006) estudaram 198 pacientes com Epicondilite Lateral, divididos em 3 grupos, um que realizou tratamento Fisioterapêutico (8 sessões, com MWMs e exercícios de fortalecimento concêntricos e excêntricos para músculos do antebraço), outro que recebeu aplicações de corticoesteróides (uma ou duas aplicações) e outro que serviu de controle. O acompanhamento foi realizado a curto prazo, logo após o fim das intervenções (6 semanas após o início do tratamento) e a longo prazo (52 semanas após o início). Observou-se que a longo prazo, tanto a Fisioterapia como o grupo controle obtiveram elevados graus de sucesso com o tratamento, o que não ocorreu com o grupo que recebeu corticoesteróides, o qual teve piores resultados e maior índice de recaídas. Este, porém, obteve os melhores resultados a curto prazo, sendo que neste período a Fisioterapia obteve melhores resultados que o grupo controle. Ressalta-se que os participantes puderam procurar outros tratamentos no período após a intervenção (o que foi feito, especialmente, pelo grupo controle)  e todos obtiveram orientações a respeito da lesão e de ergonomia.

 

Aparentemente a utilização dos MWMs no curto prazo é muito benéfica e pode ser recomendada. Seus efeitos a longo prazo não estão evidenciados.

 

 

 

 

Fortalecimento Excêntrico

 

SVERNLOV & ADOLFSSON (2001) compararam dois grupos de indivíduos (38 ao todo) com Epicondilite Lateral. Todos os participantes receberam um suporte de punho noturno (órtese) e faixa elástica de punho (“wrist band”), sendo que um grupo realizou alongamento com técnicas de contração-relaxamento, enquanto o outro foi tratado com um programa de exercícios excêntricos. Não era permitido sentir dor durante os exercícios. Os tratamentos duraram 12 semanas e os resultados foram acompanhados ao longo de um ano. Uma maior parte dos pacientes que realizaram o treinamento excêntrico se disse totalmente recuperada e obteve uma melhora significativa na força de preensão em relação ao grupo que realizou o alongamento.

 

SILVESTRINI et al(2005) compararam 3 grupos de indivíduos (total de 94, todos com dor há mais de 3 meses) que realizaram tratamento para a Epicondilite Lateral através de um programa domiciliar. O primeiro realizou alongamento, o segundo adicionou fortalecimento concêntrico, e o terceiro combinou alongamento com fortalecimento excêntrico. Todos os participantes foram orientados em relação a alongamento, aplicação de gelo e a como evitar atividades agravantes. A melhora foi similar para os três grupos. Ressalta-se que os autores orientaram os pacientes a não realizar os exercícios com dor.

 

WEN et al (2011) estudaram 28 indivíduos com Epicondilite Lateral a, no mínimo, 4 semanas. Estes foram divididos em dois grupos, um que realizou fortalecimento excêntrico dos extensores de punho em casa (3 séries de 15 repetições, podendo haver dor) enquanto o outro realizou alongamento do mesmo grupo muscular (a maior parte dos indivíduos deste grupo também realizou ultra-som e/ou iontoforese). O acompanhamento durou 20 semanas, sendo que ambos os grupos melhoraram, sem diferenças significativas entre eles, até a 4ª semana, não havendo melhoras posteriormente. SODERBERG ET al (2012) estudaram dois grupos de indivíduos (total de 42) que realizaram uso de uma faixa de antebraço, sendo que apenas um realizou fortalecimento excêntrico de extensores de punho por 6 semanas em casa, diariamente, após orientação. Foram avaliados na dor, força de preensão sem dor e na força de extensores de punho na 3ª e 6ª semana após início do tratamento. Houve uma melhora da força e da força de preensão sem dor após o final do tratamento (mas não na 3ª semana) no grupo que realizou fortalecimento, sendo que não houve uma significativa diminuição da dor em relação ao outro grupo.

 

 

CROISIER ET al (2007) verificaram a utilidade do treinamento excêntrico de punho no tratamento da Epicondilite Lateral através da comparação de um tratamento com modalidades passivas (sem exercícios de fortalecimento – gelo, ultra-som, tens, massagem de fricção e alongamento) com outro que teve adição de fortalecimento excêntrico (extensores e supinadores de punho) em aparelho isocinético. Havia 46 indivíduos em cada grupo, todos com dor a, no mínimo, 4 meses. O tratamento durou, aproximadamente, 9 semanas, sendo que foi observada uma significativa redução da dor, especialmente depois do primeiro mês de tratamento, ausência de déficit de força muscular em relação ao lado contralateral e melhora da função, além de uma melhora na imagem do tendão nos exames, no grupo que realizou o fortalecimento excêntrico em relação ao outro grupo. Não foram feitos acompanhamentos extras após o fim do tratamento.  TYLER ET al (2010) utilizaram dois pequenos grupos de indivíduos (21 pacientes ao todo com dor há, no mínimo, 4 meses) para comparar a utilidade do fortalecimento excêntrico de extensores de punho utilizando uma barra de borracha (era permitido ter desconforto, caso não houvesse, aumentava-se a intensidade do exercício) em relação ao fortalecimento isotônico dos mesmos músculos, sendo que todos os participantes receberam tratamento com gelo, ultra-som, calor e alongamento da musculatura extensora. O grupo que realizou fortalecimento excêntrico obteve melhores resultados que o outro grupo em todos os parâmetros avaliados (dor, limitação funcional, sensibilidade e força) no teste imediatamente após o final do tratamento. Não foi feito acompanhamento posterior.

 

 

PETERSON ET al (2014) observaram melhora em alguns parâmetros de dor no treinamento excêntrico, ao compará-lo com um grupo que realizou somente treinamento concêntrico, porém, sem diferenças observadas em relação a parâmetros de qualidade de vida ou função.

 

Não somente alguns estudos indicaram melhora com o fortalecimento excêntrico dos extensores de punho, como nenhum artigo demonstrou piora com sua utilização, seja em relação ao placebo ou outras condutas. Porém, sua efetividade em relação a condutas como alongamento, fortalecimento concêntrico ou fortalecimento concêntrico+excêntrico dos extensores de punho não está clara.

 

 

 

Tratamento Combinado

 

VISWAS et al (2012) compararam a Fisioterapia de Cyriax com um programa de exercícios para o tratamento da Epincondilite Lateral. O programa de exercícios incluiu alongamento estático e fortalecimento excêntrico dos extensores de punho, enquanto o tratamento de Cyriax incluiu massagem de fricção transversa (10 minutos) e manipulação articular de punho (manipulação de Mill – apenas uma aplicação por sessão). Ambos os programas de tratamento reduziram a dor e melhora da função, mas o programa de exercícios produziu resultados melhores.

 

GUNDUZ ET al (2012) compararam três grupos, um que realizou tratamento combinado de bolsa de água quente, massagem de fricção e aplicação de ultra-som, outro que recebeu aplicação de Ondas de Choque Extracorpóreas e outro que recebeu injeção de corticoesteróides. Obteve resultados, em grande parte, comparáveis em todos os grupos, mas uma melhora da dor mais duradoura no grupo que realizou tratamento com as Terapias de Ondas de Choque.

 

SMIDT et al (2002) realizaram um estudo, cujo acompanhamento foi publicado em SMIDT et al (2002)b(melhor link encontrado) e SMIDT et al (2002)c, obtiveram, ao se comparar uso de corticoesteróides com tratamento combinado (exercícios, Ultra-Som e massagem de fricção) ou uma atitude “aguardar e ver” (era permitido tomar analgésicos e AINHs), um resultado a curto prazo melhor com o uso de corticoesteróides, mas a longo prazo um resultado melhor com o tratamento combinado, que não foi diferente da atitude de “aguardar e ver”. Os comentários (presentes em SMIDT et al (2002)b e SMIDT et al (2002)c) sugerem que a utilização da atitude de “aguardar e ver” parece ser a melhor conduta. Não foram explicitados quais exercícios eram realizados no grupo que realizou tratamento combinado. BISSET et al (2006) também utilizaram uma combinação de condutas (MWM, exercícios) comparando-a com o uso de corticoesteróides e uma atitude de “aguardar e ver”, sendo que a longo prazo (52 semanas após o início do tratamento, que durou 8 semanas) o grupo controle e o grupo que realizou combinação de condutas obtiveram resultados semelhantes. Porém, o grupo controle foi, dentre os três grupos analisados, o que mais procurou outras intervenções (não controladas) no período após o fim do tratamento.

 

STRUIJS et al (2004) e STRUIJS et al (2006) mostraram que um tratamento de Fisioterapia, incluindo fortalecimento e alongamento dos músculos do antebraço, combinado ou não com o uso de Órtese e antebraço, produziu melhores resultados em termos de satisfação dos pacientes a curto prazo em relação ao uso da Órtese apenas, sendo que a Fisioterapia também trouxe um maior valor de custo/benefício a longo prazo.

 

Diversos dos estudos apresentados nas partes referentes a condutas específicas obtiveram bons resultados em combinação com outros tratamentos: OKEN ET al (2008), LAM & CHEING (2007)  (Laser e exercícios), STERGIOULAS (2007) (Laser e fortalecimento Excêntrico), CLELAND ET al (2004) (tratamentos direcionados à cervical e ao cotovelo em relação a realizados somente no cotovelo) e SODERBERG ET al (2012) (faixa de antebraço e fortalecimento excêntrico).

 

Outros não obtiveram resultados bons na combinação de condutas: BASFORD ET al(2000) (Laser e exercícios em relação ao Laser), STRUIJS et al (2003) (US, massagem e exercícios em relação a manipulação apenas), VERHAAR ET al (1996) (massagem e manipulação em relação a corticoesteróides), VISWAS et al (2012) (manipulação e massagem de fricção em relação a exercícios), ROMPE ET al (2001) (manipulação cervical e Ondas de Choque em relação a Ondas de Choque apenas), SILVESTRINI et al(2005) (alongamento em relação a adição de fortalecimento) e CROISIER ET al (2007) (combinação de modalidades passivas em relação ao fortalecimento excêntrico).

 

Dizer quais combinações de tratamento são mais efetivas é inviável nesse momento devido à grande variabilidade de condutas. Embora alguns estudos sugiram que a atitude de “aguardar e ver” seja a melhor conduta, dado os resultados similares nas intervenções a longo prazo, a verdade é que esses resultados sofrem viés de falta de controle de tratamento, especialmente como demonstra o estudo em que os participantes de tal intervenção foram os que mais procuraram outras condutas. Por outro lado, essa procura indicou que estavam insatisfeitos com o resultado que estavam obtendo por não realizarem tratamento, conforme prescrito no estudo.

 

 

 

Outros Procedimentos

 

 

 

Ultra-Som Terapêutico

 

D’VAZ et al (2006) compararam a aplicação do Ultra-Som (1,5Mhz, 30mW/cm2, aplicado por 2 minutos diariamente) com placebo, não obtendo taxa de sucesso (melhoria maior de 50% da dor na escala visual analógica) significativa entre os grupos. Por outro lado, houve uma leve tendência de melhores resultados clínicos (maior número de indivíduos que atingiram sucesso, maior grau de redução da dor no grupo que realizou tratamento em relação ao placebo).

 

 

Iontoforese

 

DEMIRTAS & ONER (1998) observaram que o a aplicação de Iontoforese com Diclofenaco de Sódio foi mais eficaz que com Salicilato de Sódio. STEFANOU ET al (2012) compararam a aplicação de corticoesteróides por injeção e por iontoforese, obtendo melhores resultados com a aplicação da iontoforese. BASKURT et al (2003) obtiveram resultados similares entre a Iontoforese e Fonoforese, usando ambas para a aplicação de naproxen nos indivíduos com Epicondilite Lateral.

 

 

Estimulação Elétrica

 

REZA NOURBAKHSH & FEARON (2008) obtiveram melhores resultados na aplicação de Estimulação Elétrica em relação a um grupo placebo, em indivíduos com Epicondilite Lateral. Participaram, ao todo, 18 indivíduos, e o acompanhamento depois de 6 meses só foi feito naqueles que receberam tratamento efetivo, o que impede comparações.

 

O uso de TENS foi avaliado por CHESTERTON ET al (2013) que compararam sua adição a um programa de cuidados primários (orientações e exercícios) ao mesmo programa sem o TENS. Este foi aplicado diariamente, 45 minutos por dia, durante 6 semanas. Após o fim do tratamento e nos acompanhamentos posteriores, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos, mostrando que o TENS não promoveu benefícios.

 

 

Gelo

 

MANIAS & STASINOPOULOS (2007) não observaram benefício em se adicionar a aplicação de gelo a um programa de tratamento composto por fortalecimento excêntrico e alongamentos para Epicondilite Lateral.

 

Alongamento

 

SOLVEBORN (1997) comparam o uso de alongamentos dos músculos do antebraço com uso de faixa de antebraço, obtendo tanto a curto como longo prazo uma melhora superior naqueles que realizaram alongamento.

 

Fortalecimento Isométrico

 

PARK et al (2010) observaram que a realização de exercícios de fortalecimento isométrico, para a musculatura extensora do punho diminuiu em maior grau a dor (utilizando a escala visual analógica) do que o uso de AINHs após 4 semanas de tratamento. Após esse período, o grupo que recebeu medicamentos passou a realizar o mesmo tipo de fortalecimento e, nos acompanhamento seguintes (3, 6 , 9 e 12 meses após o início dos tratamentos), não foi observada diferença estatisticamente significante entre os grupos.

 

 

 

Conclusões

 

A maior parte dos estudos tem baixo impacto. Ou são realizadas com poucos participantes, ou são mal descritas ou mal elaboradas. Ainda assim, a consistência de alguns resultados talvez sugira condutas como o uso de MWMs e Órteses de antebraço para melhoria no curto prazo, Laser e, principalmente, Fortalecimento Excêntrico dos extensores. De fato, o Fortalecimento Excêntrico dos Extensores parece ser a conduta de escolha em relação ao tratamento. Outras condutas não se demonstraram efetivas, ou não foram pesquisadas com consistência. O uso combinado de condutas pode ser útil, mas deve-se considerar quais condutas estão se combinando.

 

 

 

 

Comentários   

#1 denise bergamo 29-01-2015 11:14
Bom dia. Conclui-se com este trabalho que a fisioterapia é ineficaz no tratamento fisioterápico da epicondilite lateral???? Existe alguma novidade comprovada para o tratamento fisioterápico?? ?
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#2 Claudio Rubens 02-02-2015 00:18
Citando denise bergamo:
Bom dia. Conclui-se com este trabalho que a fisioterapia é ineficaz no tratamento fisioterápico da epicondilite lateral???? Existe alguma novidade comprovada para o tratamento fisioterápico???


Prezada Denise,

de forma alguma. Várias das intervenções mostraram efeitos benéficos,a curto ou longo prazo. Veja Laser, òrteses, MWMs, exercícios excêntricos, especialmente. As últimas evidências estão dispostas aí no texto.


Atenciosamente,

Claudio Rubens
Fisioterapeuta
Crefito-3 - 45360-F
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