Fatores de Risco para Tendinopatia Patelar

 

 

 

 

Para a análise dos fatores de risco de desenvolvimento da Tendinopatia Patelar (Tendinopatia de Quadríceps) procuramos encontrar, principalmente, artigos prospectivos (que avaliam os atletas antes do desenvolvimento da lesão, e os acompanham ao longo do tempo). Os principais artigos que encontramos estão relacionados à prática do voleibol, e as informações mais consistentes correlacionam o surgimento da lesão com um maior volume de treinamento. Ser do sexo masculino pode ser outro fator e, de maneira geral, os aspectos relacionados com aumento da sobrecarga no tendão também.

 

Prossiga com a leitura para maiores detalhes.

 

 

 

principal local da dor na

Tendinopatia Patelar

 

 

 

VAN DER WORP ET al (2011) realizaram uma revisão da literatura sobre os fatores de risco para o desenvolvimento da Tendinopatia Patelar. Descrevem, em sua metodologia, que procuraram descartar estudos relacionados somente à biomecânica e, incluíram nos 11 artigos classificados como relevantes, 10 artigos cross-seccionais ou de controle de caso, com apenas 1 estudo prospectivo (o de WITVROUW ET al (2001)).

 

Como resultados encontraram:

1) aparentemente não há correlação com idade ou gênero;

2) nas mulheres, histórico menstrual (idade da menarca, número de ciclos no último ano) ou uso de contraceptivos também não estão, aparentemente, relacionados com à lesão;

3) há outros fatores correlacionados, mas com dados contraditórios ou com poucas evidências, o que levou os autores a afirmarem que a Tendinopatia Patelar é, na verdade, multifatorial. Os fatores foram: Índice de Massa Corporal (IMC), peso, relação entre medida da cintura e quadril, altura do arco do pé, elasticidade de quadríceps e ísquiotibiais, força de quadríceps e (melhor) performance do salto vertical.

 

Nenhuma evidência forte ou moderada foi encontrada para qualquer os fatores relatados como relacionados ao desenvolvimento da lesão. Relembrando, a maior parte dos artigos utilizados não foi feita de forma prospectiva, o que pode influenciar o resultado de certos itens avaliados, especialmente itens de performance.

 

VISNES & BAHR (2012) realizaram um estudo prospectivo com atletas de voleibol. Foram acompanhados, por 4 anos, 141 atletas saudáveis (sem lesão, 69 homens e 72 mulheres, de 16 a 18 anos de idade), com a composição corporal e volume de treino sendo acompanhados ao longo do tempo. O principal fator de risco identificado foi o volume de atividade esportiva (treino e jogo). Homens tinham 3 a 4 vezes maior risco de desenvolver a lesão do que as mulheres, sendo assim, ser do sexo masculino também foi considerado fator de risco (o que corrobora com os estudos de LIAN ET al (2005) e ZWERVER ET al (2011)). Por outro lado, a composição corporal não foi considerada como importante para o desenvolvimento da lesão.

 

 

 

o elevado volume de treinamento no voleibol

parece ser o principal fator de risco para a

Tendinopatia Patelar

 

 

 

VISNES et al (2013) também realizaram um estudo prospectivo, acompanhando atletas de voleibol (16 a 18 anos, 68 homens e 82 mulheres) por 5 anos e chegando a conclusões muito interessantes. Os 28 atletas que desenvolveram lesão tinham, na avaliação prévia, uma performance no salto com contra-movimento maior que aqueles que não a desenvolveram, sendo que a conclusão dos autores foi a de que atletas com maior performance de salto estavam sob maior risco de desenvolverem a lesão. Curiosamente, o salto sem contra-movimento não apresentou diferenças significativas entre os grupos.

 

TIEMESSEN et al (2009) correlacionaram o início ou agravamento da Tendinopatia Patelar com a relação entre prática profissional de voleibol ou basquetebol e com o volume de treino, e/ou com o volume de treino de musculação e/ou com a prática esportiva em superfícies rígidas.

 

WITVROUW ET al (2001) realizaram um  estudo prospectivo com estudantes de educação física, participantes de diversas modalidades. Foram, ao todo, 282 estudantes acompanhados por 2 anos. Foram avaliados antropometricamente (altura e peso), no alinhamento de membros inferiores (ângulo Q e diferença de comprimento dos membros inferiores), na elasticidade e força muscular (de quadríceps e ísquiotibiais). Nos participantes que se lesionaram foi verificada uma menor elasticidade de quadríceps e ísquiotibiais.

 

BACKMAN & DANIELSON (2011) realizaram um estudo prospectivo com 90 jogadores de basquete, identificando uma menor amplitude de dorsiflexão (em cadeia fechada) como fator de risco para o desenvolvimento da Tendinopatia Patelar.

 

 

Podemos observar que, além da revisão apresentada, três artigos estudaram a correlação do voleibol e de fatores de risco. Nesse contexto, parece que o volume de treino seja o principal fator de risco. Porém, poderíamos extender o raciocínio, e sugerir que, na realidade, o maior risco de desenvolver essa lesão estaria ligado à maior exigência da musculatura do quadríceps, seja em termos de volume (mais volume de treinamento, em teoria, leva a um maior número de saltos e repetitiva sobrecarga sobre o tendão), seja em termos de intensidade (maior altura do salto com contra-movimento, maior a necessidade de amortecimento e, consequentemente, sobrecarga na musculatura e tendão), ou em termos de local da prática (superfícies rígidas exigindo maior absorção do impacto pela musculatura). Fatores como elasticidade muscular ou amplitude de dorsiflexão não podem ser descartados sempre se levando em conta o aspecto contextual, ou seja, um indivíduo realiza atividades físicas diferentes de outro, assim como um esporte apresenta exigências e movimentos diferentes de outro, e assim, os fatores que podem levar alguém a desenvolver a Tendinopatia podem variar. 

 

 

 

Em resumo, os principais fatores de risco parecem ser:

1- volume de treino, no voleibol, possivelmente em outros esportes que usam muitos saltos;

2- de forma geral, sobrecarga no quadríceps, seja pelo volume de treino, intensidade e local.

3 – sexo masculino;

4 – possivelmente outros, dependendo do contexto, como elasticidade muscular e menor amplitude de dorsiflexão do tornozelo.

 

 

 

 

 

 

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